domingo, 29 de novembro de 2009


Acordando com Arnaldo Antunes (iê iê iê), passando o dia com Beatles (revolver)& Zeca Baleiro (O Coração do homem bomba) e indo durmir com Joss Stones (Colours me free)...
Pra amenizar: Orgia Musical em fim de semestre de total correria.
Ainda dá tempo de esperar a tarde desaparecer, assistir um filme e sonhar com o futuro próximo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ninguém faz idéia


Meu quarto, antes tão vazio com tanto eco, hoje está cheio de sentimento.

Minha antiga rua que antes tinha tanta arvore, hoje só resta uma.

Meus antigos amigos, antes tão legais, hoje se mostram tão banais.

A cidade tão pequena, antes tão calma, hoje é só carro, calor e fumaça.

Quem começou a faculdade comigo.

Quem era apenas estudante e amigo, hoje é quase-profissional-arrogante.

Quem estava apenas a beira de um romance, hoje é manicaca.

Quem era desconhecido, hoje é amigo.

Ninguém faz idéia de quem vem lá.

O que seremos amanhã.

Do que pretendemos sobreviver.

O que nos fará felizes.

Não faço idéia, mas já tenho um breve Briefing.

Peneirar o melhor.

Jogar fora o pior.

Ninguém faz idéia se vai dar certo.

Vou vivendo o oficio de ser uma.

Com tantas outras.

Como tanto outros.

Assisto a vida através de uma janela, debruço meu corpo a espreita do tempo.

Bebo de tudo, raciocínio o essencial, esqueço da lei e crio minha própria.

Um passo de cada vez.

E ninguém faz idéia do quanto me transformei plena com tanta lucidez.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Aos montes.


Ele acordou as seis e vinte e cinco da manhã. De uma noite comum. Evitando a mulher e fingindo paciência.
Como todo dia levantou-se da cama, acordou a esposa. Um beijo frio era o máximo que conseguia extrair.
Enquanto ela dobrava e guardava os lençóis, ele montava a cafeteira comprada em três vezes no novo supermercado da cidade. O café não era tão bom quanto aquele que sua mãe fazia, mas ele gostava mesmo assim.
Enquanto ela quebrava os ovos caipira, ele seguia para seu banho. Gelado. Cheio de planos repetidos do dia anterior.
Sentavam-se junto à esposa na mesa e discutiam o futuro do filho adolescente, prestes a tentar o vestibular. Mas sabiam que era quase inevitável a reprovação. Educado em escola pública, era apelar pra sorte. Próximo ano tem outro. Ele só tem 17 anos. E infelizmente carregava os sonhos frustrados dos pais.
Ele se cansa do papo e resolve ir ao trabalho.
Montes de papéis e uma pequena bolsa de ferramenta.
Monta o mapa em sua mente, monta em sua moto e segue, no trânsito amontoado de carros e calor.
De casa em casa, de cara fechada faz seu trabalho.
Negando um suco, um copo de água ou um copo de refrigerante. Nega também um sorriso.
É tudo muito rápido. Coisa de vinte minutos em cada casa.
Entra e sai sem deixar rastros, a não ser pelo seu trabalho.
São cinco e meia da tarde, suas costas pedem descanso e ele volta ao amontoado de carros. Dessa vez o stress toma lugar do calor da manhã. Nunca é fácil.
Ainda só em casa, deita no sofá e em poucos minutos se perde em sua mente.
Tenta lembrar de algo realmente importante que fez durante o dia. Não lembra nada.
Canta uns versos de um samba de cartola na mente, mas não consegue lembrar o restante.
Só enxerga parafuso e pregos. Só escuta o barulho da furadeira.
Sua vida já calejada de tanto montar um futuro perfeito desmorona ao perceber que o futuro foi ontem. Que o tempo foi pouco pra ele. Que suas mãos estão rasgadas de tanto montar sonhos de estranhos.
Esqueceu-se de montar seu mundo. Seu destino.
Um samba velho, já esquecido. No amontoado de dias montados de frustração.
Afoga a raiva e a dor num copo de cachaça barata e escondida da esposa. Segue fingindo ser um móvel - imóvel - de qualidade, mas só ele sabe, que além de parafusos frouxos os cupins corroem sua alma e quando menos esperar estará no lixo.
Implorando para ser reciclado. Pra ser um samba lembrado.


"Leigh on a green sofa - Lucien Freud"

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Girassóis

Vomitei.
Tudo aquilo que pedia pra sair.
Relaxei.
Meu sentimento.
Inquietei.
Meus pensamentos.
Medi.
O que não deveria ser medido. O que não se mede.
Admirei.
Minha loucura.
Sucumbi.
Meu impulso.
Sonhei.
O inacreditável.
Realizei.
Meu desejo.
Preciso terminar.
E começar a entender que é ímpossivel ficar SEM você.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Estranhos na noite


Estranhos na noite, assim o eram. Assim o deixaram de ser depois de uma noite de longa conversa e muita identificação. Viraram amigos, uma noite em claro seguida de uma ida a praia somente pra molhar os pés, somente para ver o mar.
Ele sabia que ela era bem mais nova que ele, mas parecia ter sofrido - ou dava atenção demasiadamente a sua dor – anos luz daquilo que tudo que ele um dia sofrera.
Ele tinha acabado de sair de um quase casamento, cheio de frustrações, onde sua ex não sabia acompanhar seu modo de vida. Mesmo tendo sofrido um bocado, sabia no fundo que tinha valido a pena, por ter aprendido tanto. E tinha os pés no chão. Amava racionalmente, que para ele era mais seguro. Quando menos esperavam, já estavam se vendo todos os dias, e decidiram, nenhum dos dois sabem como, que iriam ficar juntos. Iriam se ajudar, se apaixonar, ser cúmplices, se amarem. Decidiram mergulhar nessa piscina perigosa e mórbida que é a paixão. Entregaram-se, fizeram planos, escolheram os nomes dos filhos, dividiram mágoas e rancores do dia a dia, e assim conseguiram viver três meses de puro sonho.
Mas a realidade e a fraqueza bateram a porta. Ela sempre em dúvida quanto aos seus amores já terminados, mas contínuos em sua mente. Ele com suas dúvidas sobre o futuro: será realmente necessário se entregar e esquecer a razão? Às vezes se pegava muito calculista, muito artificial, muito pé no chão. E em outras vezes, se pegava admirando aquele sorriso adolescente que enraizava cada vez mais em seu coração. Estava perdido, disso já tinha certeza, mas sentia felicidade em não poder encontrar o mapa da razão. Ser humano vez por outra, desarmar a armadura era bom. Apesar dos perigos.
Ela se via também completamente perdida, nunca tinha encontrado alguém tão sério com suas palavras, com seus sentimentos e isso assustava. Bebia e dizia “eu te amo” com os mesmo sorrisos, com os olhos de ressaca que tanto assustava ele. Eram oito ou oitenta em meio ao infinito que é a vida.
As famílias estavam felizes, tanto por ele, quanto por ela, a dele dizia que ela era uma pessoa doce, carinhosa, amável. A dela dizia que ele era pra casar, alguém de juízo. Colocava-a em seus trilhos. Mas quem queria uma placa de segurança? Quem queria um guia certo? Ele ou ela? Os dois? Ou nenhum dos dois.
Entre bons sentimentos perdidos, entre tanta felicidade meia verdade, o trivial caiu no cotidiano. Já não existe tanta graça nas piadas, nem nos dias recheados de sol e brisa. Por que tanta felicidade? Será que ela merece isso tudo? Será que ele quer ser feliz o tempo todo? Aonde se encaixam as músicas de dor de cotovelo? Nada mais de encaixa, a não ser uma perdida alusão de confiança. Afinal, nenhum filme que se preze termina com um final feliz. Se terminou com um final feliz é por que tem algo de errado, tudo mastigado perde a graça, bom é o que inquieta e questiona. Quem disse que grandes amores tem que terminar com um final feliz?
Perguntas movem o mundo, mas não as paixões. E de estranhos tornaram-se namorados, apaixonados e sim, decidiram terminar o amor possível, a vida planejada e sonhada. Largaram pra trás as possíveis chances de um grande amor, de uma grande família.
E o tempo passou, tornaram-se amigos. Mas como a vida dá voltas, um dia se esbarraram num bar e soltaram um breve e frio “oi”, a vida continuou e voltaram a ser estranhos na noite.
O amor nem sempre deve ser perfeito. Senão não seria amor.

Ao som de Strangers In The Night - Frank Sinatra

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Quase ecologicamente correta emocionalmente.




Prefiro não citar nomes, prefiro terminar antes de qualquer frase mal pensada e bem posta pra fora, antes de qualquer briga ridícula como por exemplo: "até que horas você irá me trocar pelo computador?" ou "Você não me ligou no almoço por que dá ouvidos a sua mãe", antes de qualquer perigo de tentação, antes de arremessar toda a minha mágoa através de um copo de vidro na parede, antes de perceber que eu não amo mais. Prefiro guardar o melhor e subtrair o pior.
Isso mesmo. Amor não é para todo o sempre. Alguns tem a sorte de assim serem, mas a grande maioria nesse mundinho de paixões enormes tendem a aceitar a solidão como papel principal de uma fase da vida. Atire a primeira pedra quem não acha "chique", "blasé" e/ou "charmoso" se apegar a aquele cd de ruideira com - ou sem - álcool, cigarros e chorar as pitangas lembrando do seu amor infinito com prazo de validade?!
Amor pode não ser para sempre, mas é reciclável. Bem, o meu amor é reciclável sim. Retornável que não é. Se já o usei, prefiro ele lá no seu canto, a beira de reciclar novamente, mas pra bem longe de minha pessoa. Preciso de auto-reciclagem depois de um tórrido tempo a la "amizade-paixão-euforia-desgaste-raiva-reconciliação-paixão novamente-de saco cheio-mandar se danar" não necessariamente nessa ordem ÓBVIO. Mas é verdade quando falo que merecemos sempre de um novo amor, de novas paixões, de novos suspiros e de novas trilhas sonora. Mesmo que o seu par continue sendo a mesma pessoa.

Sou quase ecologicamente correta emocionalmente, pois me reciclo.

Amizades tendem a ser relações perigosas, quando achamos que encontramos a nossa fonte de segurança, escorregamos e somos nocauteados por pequenas coisas - inveja, ciúmes, atrevimento - e decidimos abolir de nossa vida. Eu já não o pratico mais, eu simplesmente reciclo. Reciclo minha forma de pensar e de agir com ele, pois nem todo mundo é perfeito. Inclusive eu. Não irei jogar anos de amizade fora por pura estupidez. Por que quando dois grandes amigos brigam só pode ser estupidez. E dos dois.

Sou quase ecologicamente correta emocionalmente, pois me reciclo.

E me deixo levar nessas ondas de um mar poluído de descaso com nossas razões e emoções. Mas nem sempre é assim, sou imperfeita mas também to aprendendo a perdoar. Um passo de cada vez e reciclada ou não, vou me tornando aquilo que um dia sonhei.

E sempre analisando antes aquilo que irei jogar fora amanhã, pois o lixo ainda tem chance de tornar-se um luxo. Como um grande amor com validade para a vida toda.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Música aos bons ouvidos.


Ainda consigo encontrar graça nas pequenas coisas do meu cotidiano. Ouvir música alta, mesmo sem conhecer o artista é uma delas. Me pego lendo, escrevendo, conversando e ouvindo a música estranha, de melodia diferente ... na qual meus ouvidos nunca ouviram ou nunca deram a devida atenção. E assim, sem perceber o cd já acabou, a música também, e necessito continuar ouvindo por mais algumas horas, até conhecer plenamente, tornar familiar esse novo som. Só depois disso é que me dou ao direito de ouvir fora de casa.
Meu relacionamento com a música é o mesmo com minha vida, gosto de deixar levar, alto e instrindente meus novos conhecidos, amores e amigos. Entram em minha vida sem eu ter percebido pela razão, mas emocionalmente cá estão. Fazem parte, já entraram e eu nem me toquei. Depois de muitas conversas, percebo que a sintonia vira melodia, e necessito de mais algumas horas, dias por perto, até sentir-se completamente familiar ao lado deles.
Depois que a sintonia toma conta saio por aí cantarolando meus amigos e meus amores. Quase sempre desafinada, mas aos ouvidos dos outros, porque por dentro canto pra agradecer. Quem está por perto, quem está longe - mas perto - e aqueles que ainda virão.
Canto pra amenizar as dores. E felicitar a vida.
Amigos vem e vão, paixões também. Como cd's velhos engavetados valem a pena serem recordados.
Meu passado é minha vida engavetada, meu presente meus sonhos idealizados e meu futuro uma nova canção.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009


A vida corre a passos largos, todo mundo tá preso a estudar, trabalhar e comprar seu primeiro carro, sua primeira casa e ter sua família. Mas antes disso tudo , ou durante todo esse processo, estamos presos a ter uma vida social decente, onde todos deverão sair, conhecer várias pessoas, abandonar velhos conhecidos e frequentar pelo menos um bar a cada mês. Vida sociável é basicamente isso: se perder na sua identidade. Andar no mesmo círculo vicioso que todos andam.
Se passou no vestibular, é hora de comemorar, de beber com a família, de ostentar o resultado final de um ano de sacrifício, de pagar mico e ser humilhado nos sinais da cidade pedindo dinheiro como um qualquer para depois, ser aceito em mais um círculo vicioso. O da faculdade.
Começou a namorar? Então é hora de espalhar a novidade, falando para os amigos que agora virou alguém sério, que a paixão arrebentadora sugou seu ser, deixando a razão pra trás, mesmo sabendo que no fundo isso lhe causará uma perda incessável do seu egoísmo. De ter aquela hora somente pra você, de estar a fim de ir ao cinema sozinho, de compartilhar com você mesmo a doce magia da solidão, coisa que poucos sabem fazer: Aproveitar o ócio mesmo. Mas toda a dor do parto é formalizada quando sentamos numa mesa de bar com o companheiro e nos orgulhamos de sermos dois, quando na verdade deveríamos ser apenas um, mas acompanhado de respeito e amizade do outro. Perdemos pro meio mais uma vez.
Resolvemos casar, porque é tradição, porque a cultura nos fez pensar que é algo natural da vida, e mais uma vez, nos pegamos no alto de um prédio em construção, comprando um "sonho" idealizado pela massa, confeccionando convites da moda, tentando resgatar na memória até onde der quando foi o nosso primeiro sonho mesmo. Será que queremos casar pelo simples fato de amar o próximo? Ou seria uma auto-afirmação para todos - que somando não valem quase nada - ao nosso redor de que estamos mais sérios ainda do que já almejamos? Será que hoje em dia temos que casar pra provar que realmente amamos? Ponto computado pro meio.
Seguimos nossas vidas, nosso cotidiano simplório, recheado de sonhos alheios, de vontades dos outros, de impressões mal reveladas, mal entendidas por pura vaidade. Ou fraqueza. Não queremos nem podemos ser o "estranho no ninho", a "que ficou pra titia", a "porra louca da família", o "esquisito", o "maluco", o "solteirão" e tantos outros adjetivos que os tidos normais fazem questão de registrar no nosso inconsciente para que eu, nem você, sejamos alguém como eles.
Normais. Sóbrios. Com vida útil e validade.
Até onde posso admitir que sou imoral? Até onde me permito ser louca, neurótica e sincera ao ponto de magoar quem amo e até a si própria? Até onde faço parte desse time que tem dia para descontrair com amigos no bar, dia pra trabalhar, dia pra stressar, tempo de casar, tempo de divórcio, tempo de amante, dia de chorar, dia de torcer pelo time, dia de reconciliar, tempo de amar, tempo de odiar, tempo de ter crise, tempo de cansar de tudo isso?!
Até onde deixo registrada minha marca como -1 em 1.000.000?
Porque não pensar ao avesso hoje? Que tal ser anti-social numa festa e sentir na pele o que é ser tímido, quando sempre foi efusivo demais? Porque não pensar no amor apenas como amor, e não como fúria de emoções? Que tal abandonar vícios por minutos que sejam apenas para sentir como você era antes deles? Que tal desacelerar um pouco?
Ser você ao avesso pode te trazer boas surpresas.
E inquietações. Somos vivos, e pensantes. Tente.
A vida anda a passos largos, mas você pode estar parado nela.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Acordei sem noção.
De cara emburrada, mandando todos pro inferno. Ou querendo eles por perto, já que no inferno cá estou.
Não quero ouvir nada de bom sobre minha pessoa, nem ao menos me angustiar por coisas fúteis.
Prefiro deixar o celular tocando, as mensagens chegando, as janelas do msn piscando, deixar pra trás quem grita por mim.
Dane-se meu português quase correto, minhas sanidades fabricadas pelo meio. Dane-se minhas opiniões sem embasamento nenhum sobre qualquer coisa.
São apenas coisas inúteis. Com validade.
Minha raiva sem motivo não me tira do sério.
E isso me assusta.

Surtei.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um dia ela bate a sua porta: Rotina




Ando tão cansada que nem a música me trás felicidade. Nem dores...

Ando tão cansada que nem força pra puxar a fumaça de todo dia tenho, e às vezes tenho vontade mesmo é de engoli-la de vez.

Ando tão cansada de andar de um lugar pra outro, de ver a repetição no mesmo espaço de tempo calculado que no passado ainda morno eu tinha calculado...

Ando tão cansada de brigar por aquilo que não me pertence, que nem a vitória me faz bem...

Ando tão cansada das mesmas letras unidas nos mesmo livros falando das mesmas coisas, e chegando ao mesmo final...

A repetição baqueada me cansa. Cansa meus olhos ao sentar nessa mesma cadeira e ler os mesmos recados, os mesmos textos e os mesmos e-mails.

A repetição baqueada me cansa. Cansa meus ossos de tanto ir de um lugar ao outro, o mesmo caminho, a mesma esperança e quase sempre a mesma frustração.

A repetição baqueada me cansa. Cansa meu sorriso já amarelo rindo das piadas pela metade, dos "feitos" maquiados de situações inventadas.

A repetição baqueada me cansa. Cansa meus dedos, de tanto usá-los para a mesma finalidade, com as unhas já quebradas e embranquecidas pelo desgaste dos esmaltes velhos.

A repetição baqueada me cansa. Cansa meus ouvidos e seus ritmos já reformados da reforma sonora anterior. Sempre é mais do mesmo. Ou quase sempre.

A repetição baqueada me cansa. Cansa meu cérebro, quase em desuso. De tanto procurar alguém que pense totalmente diferente de minha pessoa, totalmente diferente de minhas opiniões e cheio de ética. O puritanismo ta na moda. E me faz mal. Muito mal. Necessito de mentes inquietas, perturbadas. Só assim posso ir em frente.

A repetição baqueada me cansa. Cansa meu coração cheio de alegria e vontade de viver. Preciso de choques de paixão violenta e ilusão desnecessária.

A repetição me cansa.

A repetição me cans

A repetição me can

A repetição me ca

A repetição me c

A repetição me

A repetição m

A repetição

A repetiçã

A repetiç

A repeti

A repet

A repe

A rep

A re

A r

A ...

Cansei. Vou viver.

Me acompanha?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

POP de qualidade: Caligrafia, o novo cd do Ludov


Ludov lança seu terceiro disco, o Caligrafia. Desde de 2007 - quando então lançaram o "Disco Paralelo" - que eles estavam sem lançar um cd. Mas sempre com projetos parciais como o tributo aos Mutantes intitulado "Tecnicolor". O Caligrafia é completamente vicioso, contém grandes hits já de cara, como "Reprise" e "Luta Livre".
Com letras dignas de pura simplicidade, mas sem rimas pobres, "Reprise" dá vontade de sair cantando. Além da boa surpresa que a letra causa, quando alarma que a vida corre, e que seus amores podem passar sem nem ao menos vc tentar ...
"Solte um pouco o freio,
deixe de receio.
Encare mais os fatos,
sirva ainda frio seu coração,
seu fogo não se espalha.
Excesso de razão é como opinião:
se não ajuda, atrapalha."
Com refrão desse tipo, não tem como não entrar na mente.

Escuta aeh. E tire suas conclusões:

http://www.youtube.com/watch?v=uw_Z6I0j2ls

"Luta Livre" é a eterna briga entre a emoção e a razão ... Abre o disco com uma energia massa. Narrativa clássica. E quem será que vence ao final da batalha?

"Contratei barato um novo número
Meu coração em luta com meu cérebro
até algum cansar
até algum parar"

"Vinte por cento" lembra "Dois a rodar", não o disco, mas a música mesmo. Com aquele velho "la la la la la..." tão peculiante da banda. Pra dançar. Pra ouvir dirigindo ou arrumando a sala.

"Terrotismo Suicida" é a faixa mais enérgica do álbum, tapa sem mão. Com bons rifs de guitarra.

"Não me poupe" é a música mais triste do ano. Fim de relacionamento a la Chico Buarque. Linda e melancólica, como todo fim de romance deve ser. Destaque para o arranjo dessa faixa. Simplesmente linda.

"Te levei até a porta
mas não quis esperar
Te empurrei uns trocados
nem desci as escadas
Até onde eu me lembro
era você quem chorava"

"Notre Voyage" é a faixa mais fofa, mais romântica do cd, além do charme da línga francesa, o arranjo simples passa a idéia da simplicidade da paixão.

"Je prends tes mains
mes yeux dans tes yeux disent tout
C'est vrai, le paradis c'est ça

tradução:

Eu pego em tuas mãos
Meus olhos nos teus olhos dizem tudo
É verdade, o paraíso é isso."

Enfim, a banda continua com sua sonoridade peculiar e qualidade pop quase nunca encontrada em algumas bandas pop do cenário atual.
Ficou curioso para ouvir o som? A banda disponibilizou todo o cd nesse site: http://www.mondo77.fm/index.php?dir=ludov

Viva a música brasileira.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Por você, por mim e por nós.


Estavam juntos a pouco tempo. Um não largava o pé do outro. Quando ele saia com amigos sempre falava nela. E vice e versa. Juraram amor eterno em menos de seis meses, sem nem ao menos ter uma briga pra consolidar o feito. Sim, falo de briga.
Qual amor consegue passar por um ano sem briga? Ela é necessária, é a partir dela que crescemos, evoluímos para uma nova fase da eterna paixão.
Sempre a beira de uma felicidade repugnante o amor não leva a nada. Que o diga Nelson Rodrigues, que denunciou o amor da forma mais verdadeira que existe: Escroto.
Sim, porque só através da escrotice do amor que passamos a gostar mais do amado, quanto mais escroto ele for: melhor. Paixões meladas, sem ciúmes, sem desconfiança não é paixão. É amizade com sexo. E sexo por sexo, é melhor descompromissado. Mas isso já é outro papo.
Sério.
E tudo começa numa grande cena de ciúmes, seja pela amiga que sempre o quer por perto, ou por aquele maldito primo que nunca aparece e do nada ressurge como chuva de verão. Esses danados são as peças chaves pro relacionamento passar a ser o que nunca tinha sido até então: Uma loucura.
Agora sim, você pode dizer que começou realmente a amar. É só passar dessa fase, estufar o peito e gritar: FILHO DA PUTA! Apareceu pra caningar minha vida perfeitinha. Mas é por causa desse filho da puta que você certamente, mais tarde estará fazendo as pases e rindo dele ... E o que é melhor: Junto da pessoa amada.
Ela que sempre foi passado, passará a ser presente nas tardes de domingo cheias de tédio, ou na volta de um encontro com amigos e o telefone tocar as 3 da madrugada pedindo que seu amado perceba a lua - mato aquela vaca - , ou então, quando ele - o fdp do primo - resolver ligar pra sua amada "somente" pra dizer que ouviu aquela música e lembrou daqueles tempos ... Ah! Como dá vontade de matar aquele fdp ou aquela vaca... Malditos. Mal amados. Invejosos. Mas necessários.
E o pior - se é que tem como piorar ainda mais -,a pessoa amada ainda dá trela, ainda fala com palavras doces e carinhosas "Não amor, não se preocupe porque só tenho olhos para você." "Ele é passado, você é presente e futuro" "Só foi uma ficada, nada que conte." Parece que tudo está contra nós. Pobres ciumentos, compulsivos e viciados em perfeição. Você acha, opa, acha não! Tem certeza que aquele maldito fdp ou a tal vaca vai tirar seu "mozão" de você.
Mas acredite.
Eles estão presentes em qualquer relacionamento saudável. E querem ser felizes também. Mas não sabem ao certo com quem. Afinal, se são ex's, ou quase ficantes é porque eles definitivamente não sabem o que querem. E isso colega, não é da sua conta.
E o grande espetáculo começa: Sua mente a mil por hora de um lado e seu coração doendo:

"Abram alas pro novo espetáculo
Vejam todo tipo de ridículo
Pegue o seu lugar
Guarde outro lugar

Contratei barato um novo número
Meu coração em luta com meu cérebro
até algum cansar
até algum parar"

É nessa momento único do seu lindo romance que a - primeira, diga-se de passagem - briga toma forma, que as palavras passam a ecoar no espaço e as besteiras escorrem nas bocas antes tão lindas e suculentas, agora já azedas:

"Ah, e saia o que estiver no meio
O conflito ainda vai ficar feio
A briga já vai começar
Ah, agora já não tem mais jeito
foi um belo golpe do peito
o cérebro não vê direito
já está com defeito
e vai se entregar"

Cada um em seu canto, calados, envergonhados e semi-apaixonados. Porque nessas horas esquece-se da paixão, da primeira música, da primeira noite de amor ...

"Quando toca o gongo pro intervalo
cada um descansa do seu lado
Um vai raciocinar
O outro se empolgar"

Ah mas a paixão é demais pra razão. E nessas horas a razão foge ...

"Um revisa todo seu vernáculo
O outro se orienta com um oráculo
É hora de voltar
hora de voltar"

Como tudo na vida cansa, a briga se dá por completo, e o casal cansado de brigar por algo que nem existe mais, entrega-se ao sentimento que os uniu. É hora de voltar, de esquecer o passado que acabou de bater a porta, e ter saudades dos beijos da pessoa amada,do abraço e do sorriso. Se a tal briga perdurar por mais um mês, é melhor dar por vencido ... seu amor é fake. E pela primeira vez, o ciúme acertou em cheio.

Se for o contrário, nada melhor do que as pazes. Afinal, há males que vêm para o bem.



Música de Ludov - Luta Livre.