sexta-feira, 28 de agosto de 2009
A vida corre a passos largos, todo mundo tá preso a estudar, trabalhar e comprar seu primeiro carro, sua primeira casa e ter sua família. Mas antes disso tudo , ou durante todo esse processo, estamos presos a ter uma vida social decente, onde todos deverão sair, conhecer várias pessoas, abandonar velhos conhecidos e frequentar pelo menos um bar a cada mês. Vida sociável é basicamente isso: se perder na sua identidade. Andar no mesmo círculo vicioso que todos andam.
Se passou no vestibular, é hora de comemorar, de beber com a família, de ostentar o resultado final de um ano de sacrifício, de pagar mico e ser humilhado nos sinais da cidade pedindo dinheiro como um qualquer para depois, ser aceito em mais um círculo vicioso. O da faculdade.
Começou a namorar? Então é hora de espalhar a novidade, falando para os amigos que agora virou alguém sério, que a paixão arrebentadora sugou seu ser, deixando a razão pra trás, mesmo sabendo que no fundo isso lhe causará uma perda incessável do seu egoísmo. De ter aquela hora somente pra você, de estar a fim de ir ao cinema sozinho, de compartilhar com você mesmo a doce magia da solidão, coisa que poucos sabem fazer: Aproveitar o ócio mesmo. Mas toda a dor do parto é formalizada quando sentamos numa mesa de bar com o companheiro e nos orgulhamos de sermos dois, quando na verdade deveríamos ser apenas um, mas acompanhado de respeito e amizade do outro. Perdemos pro meio mais uma vez.
Resolvemos casar, porque é tradição, porque a cultura nos fez pensar que é algo natural da vida, e mais uma vez, nos pegamos no alto de um prédio em construção, comprando um "sonho" idealizado pela massa, confeccionando convites da moda, tentando resgatar na memória até onde der quando foi o nosso primeiro sonho mesmo. Será que queremos casar pelo simples fato de amar o próximo? Ou seria uma auto-afirmação para todos - que somando não valem quase nada - ao nosso redor de que estamos mais sérios ainda do que já almejamos? Será que hoje em dia temos que casar pra provar que realmente amamos? Ponto computado pro meio.
Seguimos nossas vidas, nosso cotidiano simplório, recheado de sonhos alheios, de vontades dos outros, de impressões mal reveladas, mal entendidas por pura vaidade. Ou fraqueza. Não queremos nem podemos ser o "estranho no ninho", a "que ficou pra titia", a "porra louca da família", o "esquisito", o "maluco", o "solteirão" e tantos outros adjetivos que os tidos normais fazem questão de registrar no nosso inconsciente para que eu, nem você, sejamos alguém como eles.
Normais. Sóbrios. Com vida útil e validade.
Até onde posso admitir que sou imoral? Até onde me permito ser louca, neurótica e sincera ao ponto de magoar quem amo e até a si própria? Até onde faço parte desse time que tem dia para descontrair com amigos no bar, dia pra trabalhar, dia pra stressar, tempo de casar, tempo de divórcio, tempo de amante, dia de chorar, dia de torcer pelo time, dia de reconciliar, tempo de amar, tempo de odiar, tempo de ter crise, tempo de cansar de tudo isso?!
Até onde deixo registrada minha marca como -1 em 1.000.000?
Porque não pensar ao avesso hoje? Que tal ser anti-social numa festa e sentir na pele o que é ser tímido, quando sempre foi efusivo demais? Porque não pensar no amor apenas como amor, e não como fúria de emoções? Que tal abandonar vícios por minutos que sejam apenas para sentir como você era antes deles? Que tal desacelerar um pouco?
Ser você ao avesso pode te trazer boas surpresas.
E inquietações. Somos vivos, e pensantes. Tente.
A vida anda a passos largos, mas você pode estar parado nela.
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"Vida sociável é basicamente isso: se perder na sua identidade. Andar no mesmo círculo vicioso que todos andam."
ResponderExcluirA_D)_REI
é incrível e encantador ver alguem que se ama crescer...seja na escrita, seja nas ideias, seja nas relaçoes com pessoas...
Teca e sua potencialidade individual frente ao domínio da racionalização-(cegueira do conhecimento-Cultura de massas).Ela analisa com suavidade destreza as múltiplas causas dos inumeráveis erros e ilusões,contidos no conhecimento e na existência humana.Criticar esse modelo mecanicista de viver,desprovido de sentido e verdades e afetividade, pois tem como meta tornar a vida irracional e totalmente desprovida de sentido e de verdades é tarefa p/quem sabe sentir e gritar p/esse mundo atrofiado certas verdades.Parabéns amiga!
ResponderExcluir- puuuutz, muito foda. :)
ResponderExcluirbem, nunca senti vontade de ir ao cinema sozinho, sério mesmo.
mas, fala sério, a última frase do tópico é fooooooooda.
postsempre! :*
Texto complexo hein.
ResponderExcluirMe sinto parcialmente como vc às vezes.
Axo que isso se chama VIDA.
É uma coisa tao maluca, inconstante.
né?! amei..." de compartilhar com você mesmo a doce magia da solidão, coisa que poucos sabem fazer: Aproveitar o ócio mesmo" quero meu tempo de solidão acompanhada. =/
ResponderExcluirhahaha